Ministério do Desenvolvimento Social aponta que até o final do ano deve revisar mais de 552 mil auxílios-doenças e 1 milhão de aposentadorias por invalidez. Governo Federal fala em redução dos custos
Por meio de alterações nos procedimentos periciais,
o governo federal tem cancelado milhares de
benefícios como auxílio-doença e aposentadoria por
invalidez a cada ano. E, segundo médicos,
psicólogos, conselheiros de saúde, sindicalistas,
advogados e especialistas em reabilitação
profissional, os critérios de manutenção e suspensão
dos direitos dos segurados não estão claros, como
apontaram durante seminário realizado nessa
quarta-feira (15), em São Paulo, na Fundação Jorge
Duprat e Figueiredo de Segurança e Medicina do
Trabalho (Fundacentro).
Até o final deste ano, o governo deverá revisar 552
mil auxílios-doença e 1 milhão de aposentadorias por
invalidez, de acordo com o Ministério do
Desenvolvimento Social. Só nos casos de
auxílio-doença, de agosto de 2016 até julho, foram
revistos 404 mil casos e 78% dos benefícios foram
anulados. Os debatedores acrescentam ainda que,
junto à falta de transparência de critérios adotados
para justificar a cessação, ocorre a precarização da
política pública de Previdência Social.
Com base em relatos concedidos por funcionários do
Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), a médica
e pesquisadora da Fundacentro Maria Maeno, afirma
que essas ações, feitas sem divulgação de critérios,
estão sendo dadas “unicamente” sob o argumento de
corte de custos. “Ninguém é contra o corte de
recursos, desde que não haja desrespeito aos
direitos dos trabalhadores”, contesta a
pesquisadora.
Segurados tiveram o benefício suspenso de forma
gradativa e agora precisam retornar ao trabalho,
mesmo sem condições, como conta uma bancária
aposentada por invalidez que preferiu não se
identificar. Há 15 anos, ela sofreu um AVC e por
conta das sequelas passou a receber seu salário
integral pelo INSS. Em abril, teve o benefício
cortado. “Eu tenho disritmia cerebral e não tenho
condições nenhuma de retornar”, lamenta.
Fonte: Rede Brasil Atual